'Na rede social tudo é velho. O novo está nas ruas', diz Caco Barcellos em lançamento do 28º Curso de Residência da Rede Gazeta

  • 02/07/2025
(Foto: Reprodução)
Jornalista do 'Profissão Repórter' (Globo) desembarcou no Espírito Santo para lançar curso de imersão em conteúdo para jovens comunicadores; veja como fazer a inscrição. Jornalista Caco Barcellos participa do lançamento do 28º Curso de Residência da Rede Gazeta, em Vitória Artur Louzada/Divulgação Com mais de cinco décadas de profissão, sendo os últimos 19 anos dedicados ao semanal "Profissão Repórter", da TV Globo, o jornalista Caco Barcellos desembarcou em Vitória nesta quarta-feira (2), onde lançou a 28ª edição do Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. Trata-se de um programa de imersão na produção de conteúdos multiplataforma, voltado a formados a partir de 2023 ou estudantes universitários em fase final da graduação em qualquer área. As inscrições para participar estão abertas até 14 de julho e podem ser feitas aqui. Em Vitória, Caco discorreu sobre diversos temas: do olhar social necessário ao jornalismo à interpretação das notícias. Mas, sobretudo, tratou do olhar do repórter de rua, ofício ao qual se dedica há tantos anos. "Eu adoro ouvir as pessoas. Geralmente, elas, que são famílias mais simples, costumam nos receber na cama, o lugar mais confortável que eles possuem em suas casas. Elas param suas vidas para contar suas histórias para a gente. Isso é um grande privilégio, porque essas pessoas são conhecimento puro sendo transmitido", pontuou o jornalista. Antes do evento, Caco Barcellos conversou com exclusividade com o g1. Confira o bate-papo: Qual foi a primeira vez que você percebeu o impacto que uma entrevista feito por você teve nas pessoas? Acho que já na minha primeira reportagem, em que meu pai leu e ficou muito emocionado. Eu fazia Engenharia e resolvi abandonar a faculdade quando tive a oportunidade de fazer Jornalismo. Fiquei apaixonado de imediato e o meu pai chorava triste porque tinha uma família muito simples, muito pobre. Ele achava que engenharia era uma profissão que tinha um potencial, uma progressão na vida, mais forte do que no jornalismo, que é uma profissão pouco valorizada. Mas quando meu pai leu 'Barcellos' no fim da reportagem, ele ficou muito emocionado. Esse é o primeiro e grande impacto que eu jamais esqueci. Rede Gazeta abre inscrições para Curso de Residência em Jornalismo E quanto ao seu trabalho no "Profissão Repórter", o que mais te marcou nas situações que você relatou? Eu acho que é um conjunto da obra que mais fica, né? A gente está para completar, no ano que vem, 20 anos no ar, e as pessoas lembram de coisas antigas, de acontecimentos de suas vidas. Como a gente vai sempre atrás das histórias de cunho social intenso. Então, as pessoas lembram muito porque viveram uma situação intensa, grave, às vezes de vítima de alguma injustiça social, sobretudo. Elas lembram do acontecimento da vida delas e a gente estava junto, ao lado. Mais do que a reportagem em si. Conte para a gente um erro que serviu de grande aprendizado na sua profissão. Eu lembro de um caso que eu estava dormindo num carro alugado, um fusquinha, por um tempo. Era um sequestro e eu estava aguardando o momento em que o criminoso fica mais vulnerável, que é o momento que ele tem que pegar o dinheiro. Por saber disso, eu estava na frente da casa da vítima. Era uma jovem, esperando o momento do resgate: 'Algum momento a família vai sair daqui para entregar o dinheiro para o sequestrador'. E esse é o momento que eu queria seguir, né? Acompanhar a família, indo atrás da distância, enfim, aquele momento mais delicado do crime. E fiquei ali, literalmente vivendo dentro de um Fusca. Aí, num dia, umas três da madrugada, eu estava com uma fotógrafa aguardando junto comigo. A gente disse: 'Vamos tomar um cafezinho rápido lá na rodoviária de Porto Alegre'. Foi justamente naquele momento que a família saiu para entregar o dinheiro. O momento em que a gente foi tomar o cafezinho. Jornalista Caco Barcellos participa do lançamento do 28º Curso de Residência da Rede Gazeta, em Vitória Artur Louzada/Divulgação E, em sequestro, obedece-se um critério de orientação do sequestrador, via bilhetinhos. E onde foi que eles deixaram o primeiro bilhete? Na rodoviária onde eu fui tomar café. Quando a gente voltou do cafezinho, 15 minutos depois, de repente um monte de carro chegando, em vez de saindo. Era a família voltando daquilo que a gente esperou por, sei lá, duas semanas. Isso é um erro que me marcou muito. Eu estava começando a profissão, eram os primeiros anos. Isso é um lado cruel da profissão, né? Se você acompanha, é normal. Fez tudo como tem que fazer. Agora, se você perde um detalhe, esse erro aparece gigante. Nessa linha de iniciantes na profissão, que é o foco do Curso de Residência, que conselho você daria para combater a desinformação? Se atentar à figura do repórter. A importância que tem a captação de uma notícia. E a captação é tarefa nossa. Parece simples, mas se você errar na captação ou, sobretudo, o maior erro que se comete hoje, que é não captar e ficar distante dos acontecimentos, significa que quando você contar uma história, ela vai ser divulgada pelo seu trabalho com outra relevância. LEIA TAMBÉM: ES vira nova alternativa para moradores de grandes centros e é um dos estados que mais ganhou população de outros lugares Homem salta de carro em movimento, é perseguido e morto a tiros em lixão de Cariacica O apresentador do telejornal vai divulgar seu trabalho, mas, na sequência, é possível que o sociólogo faça o trabalho dele a partir desse fato. Se você não registra, o historiador contará uma história com esse vazio. O repórter é quem faz o registro instantâneo da história futura. As novas tecnologias estão presentes no jornalismo. É possível gravar entrevistas inteiras só utilizando o celular. Como você vê o uso dessas ferramentas no fazer jornalístico? Eu acho maravilhoso esse momento de revolução digital que estamos vivendo. Hoje, se fazem programas inteiros com o celular. Mas é preciso fazer o uso correto e ético, e não é o equipamento que vai dizer isso, é quem o carrega. É você que é eficiente ou não, que tem compromisso com o registro precioso. O celular é um instrumento que facilita muito nosso trabalho. Infelizmente, há quem faça uso para crimes com esse equipamento, crimes de comunicação. Mas a gente não pode perder tempo com isso. Temos que fazer um trabalho muito melhor do que os mentirosos fazem. Com seus anos de experiência, qual o principal desafio que os jornalistas enfrentam? Combater aqueles que usam das novas tecnologias para produzir mentiras. Hoje em dia, existem empresas internacionais dentro do Brasil só contando mentiras e espalhando notícias falsas, sobretudo em época de campanha eleitoral, e a sociedade nem sempre sabe disso. E muitos se confundem como comunicadores, como jornalistas. Estamos concorrendo não só com todo mundo que tem o equipamento, mas também com aqueles que usam o equipamento para mentir. Para quem quer seguir a área de reportagem, o que é imprescindível? Além dos equipamentos da tecnologia, existem outros essenciais. Olhos para ver a realidade, a boca para perguntar e, principalmente, saber ouvir. Também é preciso as pernas para ir atrás da história, longe dos computadores de preferência. O repórter tem que estar na rua, fazendo o registro instantâneo da história. Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta forma 27ª turma Atualmente, as informações chegam em um ritmo quase frenético, e tudo exige muita rapidez. Qual é a maior dificuldade para se produzir uma reportagem com profundidade, ética e veracidade? Para mim, a lentidão é essencial. É preciso ter calma, conhecimento e leitura, oposto da velocidade. A profundidade é importante porque te dá a certeza que você está no caminho certo, contando a história certa e bem informada sobre o passado para falar do presente. É preciso saber avaliar uma coisa comparativamente. Porque se você pensar só nas redes sociais e basear sua pesquisa nisso, nada de novo estará ali. Tudo já foi feito. Nas redes, parece tudo novo, mas tudo é velho. O novo está nas ruas. Quer se inscrever no Curso de Residência? 28º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta Para quem: alunos formados a partir de 2023, ou estudantes que estejam no último período da faculdade de qualquer curso ou de cursos técnicos em Rádio e TV, e Audiovisual. Como se inscrever: clique neste link.

FONTE: https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2025/07/02/na-rede-social-tudo-e-velho-o-novo-esta-nas-ruas-diz-caco-barcellos-em-lancamento-do-28o-curso-de-residencia-da-rede-gazeta.ghtml


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